Street Scene - George Grosz

A sua vida social era agitada. Estava sempre no centro de todos, tentando chamar atenção. Cumprimentava cordialmente quem na sua frente passasse. Por vezes havia quem lhe retribuísse o comportamento, por outras, o ignoravam. Natural, pensava ele. Para uma pessoa que tem uma vida movimentada, manhã, tarde e noite na rua, aquilo poderia ser natural, uma vez que ele teria que lidar com personalidades diversas.

Mas ele não gostava dessa vida aturdida. Afinal de contas, o que ele era? Um mendigo. Não voltava para casa, porque literalmente vivia na rua.  Cumprimentava todos que passavam com a esperança de sua súplica arrancar daqueles pedestres uma forma de mudar sua situação. Recebia atenção de alguns: umas moedas, um pedaço de pão que restou do lanche de alguém ou algumas bençãos de religiosos. Mas o natural, e ele naturalmente aceitava isso, era ser ignorado. E tinha alguma coisa que ele pudesse fazer? Não, pensava. Sentado naquela calçada larga, sujo e maltrapilho, estendia a mão àquela sociedade.