Titus vestido de monge - Rembrandt Van Rijn

Calado, observou o ambiente sombrio em que estava. Na verdade, a impressão deveria ser contrária: a de um lugar sagrado, de iluminação e conforto espiritual. Mas ainda não aprendera a dissociar seu espírito dos sentimentos do seu corpo. O mosteiro era isolado da cidade de onde ele viera; no meio do campo verde e do ar de liberdade da natureza, os muros marrons de barro se erguiam firmes. Sombrios. “Ah, larga desse teu corpo, homem...”, reclamava de minuto em minuto consigo mesmo, pois sempre aquele pensamento sombrio persistia! O problema da sua mente era não compreender como ali – um local sem cor, sem luz e claustrofóbico – haveria um meio do seu espírito progredir. Ele não queria aceitar o que todos aceitavam: o fato de que era necessário o sofrimento e a escuridão para alcançar o reino dos céus. Apesar de tanta incompreensão guerreando dentro dele, aquele monge permaneceria, por muito tempo, imóvel e calado, esperando seu espírito se iluminar.