O abraço - Projeto Miza Pintor


Voltou a por lenha na fogueira. Queria o ambiente quente, só para sentir na pele o suor dela. A testa transpirava quando ela entrou na saleta e suspirou. Não iriam abrir a boca para deixar escapar palavras... São nesses momentos que palavras não se encaixam, apenas gestos. E ele sabia muito bem que cada movimento do seu corpo seria facilmente entendido pelo corpo dela. Pois eles eram um só, desde o começo. Ele podia sentir a frequência da respiração dela até mesmo de longe. Sabia bem a dor da saudade dela, porque era a mesma dor que sentia no peito. Eram únicos, completos num corpo só. E agora próximos, depois de tempos longe, provariam que nada mudou. E todo o resto – narrativa e quaisquer pensamentos do momento na sua mente – cessou, em um simples impulso de abraço. Encontrou o suor dela na própria pele, sentiu seu corpo se completar.