sem título - Edouard Manet

Ser empregado tinha suas particularidades. Uma delas parecia gritante frente às outras: a separação das águas entre os donos ricos da casa e os empregados pobres. Havia uma garrafa na geladeira com água mineral para os primeiros, enquanto para os últimos, uma garrafa com água direto da torneira. O trabalho duro de limpeza era todo refrescado nos goles da água da torneira, enquanto o rico ócio era compensado com goles de água comprada, industrializada.
Um dia, porém, um empregado quebrou as regras e bebeu a água mineral. Amanheceu no outro dia gravemente doente. O diagnóstico do médico – que a dona da casa teve a piedade de pagar – apontava ser uma infecção por bactéria transmitida por meio da água. Pelo visto o organismo do empregado não era forte ou acostumado com o outro tipo do líquido.
Muito doente e beirando a morte, a última frase que ouviu antes de falecer foi: “pobre é assim, quando tenta ser rico, se estrepa”.