Evasão - Abderrahmane Chaouane

Escrevia muito bem. Fez-se notar nos meios profissionais. Como resultado, foi contratada a cargo de jornalista, com coluna diária e tudo mais. Entregou-se ao bel-prazer de escrever assalariada... Até alguns meses. O trabalho, os horários determinados, a quantidade de palavras, linhas... Pensou que iria morrer de insuficiência criativa e falta de espaço para respirar. O estresse a avisou um dia: “cuida de ti, ou te mato”. Bem enfático. Sucinto.
E foi sucintamente que pediu demissão. Descansou alguns meses e redescobriu o bel-prazer de escrever livre. Sem salário.