Praying hands

Tinha um estigma mental. Adorava orar sentindo entre os dedos as contas de terços. Começou uma busca implacável pelo maior número de terços diferentes rezados. Comprar já não bastava; passou a roubar terços. Sorrateiro, como quem pedia perdão aos céus, furtava o terço e, em seus momentos de reclusão, entoava as orações sentindo as contas pequenas e grandes entre suas digitais. Porém, um dia, sem terços, foi parar na prisão, rezando e fazendo súplicas ao seu Deus. Ele fora condenado por roubar o terço de ouro da igreja central da cidade. Na cela escura, o ladrão de terços apenas suplicava por algum novo terço para por entre as mãos e rezar.