Operários - Tarsila do Amaral

Ela era mais uma na multidão e observava. Não eram mais jovens. Aceitando isso, uns vão desistindo. Retornam as suas origens ou adotam uma residência, um trabalho, contas a pagar, filhos para criar. Abandonam seus passados de juventude selvagem. Juventude fugitiva. Abandono doloroso, mas necessário. Já não são mais jovens, afinal. E é a juventude que justifica a loucura que é fugir da reta, buscar fazer aquilo que se realmente ama ou buscar não fazer nada, simplesmente. A juventude, esse estado temporal que permite a todos se permitir. Mas que finda. E sem essa justificativa, ou rumam suas vidas para a reta ou passam a viver como incompreendidos, inconsequentes, incompetentes, irresponsáveis – coisas que já eram quando jovens, só que agora sem a tal justificativa: a juventude. E ela era uma dentre esses tantos injustificados.